domingo, 25 de dezembro de 2016

Crônicas de Wagner Krieg: Achados e Perdidos

Primeiramente, Feliz Natal!
Eu meio que abandonei o blog, mas não foi por mal. Eu andei um tempo sem cabeça para fazer desenhos novos. Desde então tenho enchido linguiça com postagem de escritos. Nestas últimas semanas estive preparando uns desenhos decentes. Mas vocês só verão na próxima postagem, depois dessa. 
A "maldição" continua, então tudo indica que teremos ainda várias histórias de Wagner Krieg. Inspiração é o que não falta. Lembrando que essas histórias são baseadas em fatos reais. A situação é real, o que acontece no final é aquilo que no fundo nós gostaríamos de fazer: Dizer dane-se sem importar com as consequências.

Agora leiam...



Crônicas de Wagner Krieg: Achados e perdidos

Segunda-feira, horário de saída da turma da manhã. Como um gato avançando silenciosamente em direção ao rato, assim vem a mãe de um aluno em direção ao balcão da secretaria. Wagner olha para o chão, olha para o teto, respira fundo e pensa: — Puta que pariu! Lá vem....nem deu tempo de me esconder debaixo da mesa.

— Oi moço, tudo bem?

— Tudo mais o’meno. Diga?

— É aqui que fica os achados e perdidos?

— Sim, é aqui.

— Sabe o que é? Meu filho esqueceu o casaco e eu queria ver se não está aqui.

— Como é esse casaco?

— É branco com detalhes em cinza.

— Hum ‘pera um momento, já volto.

E Wagner foi até os fundos da secretaria buscar a caixa de achados e perdidos. Ele trouxe ao balcão para a mãe ver se achava a roupa do filho. Havia roupas que estavam na caixa fazia meses e conforme ia revirando o fundo algumas baratinhas iam escapando.

— Não moço, a blusa do Creyto não tá aqui.

“Agora ela vai embora e me deixa em paz” — pensou Wagner.

— Mas moço, o senhor tem certeza que não ficou por aqui?

— Tenho! Essa é a única caixa de achados e perdidos que temos.

— Mas moço, será que não ficou na sala e a professora guardou?

Nein! Quando os funcionários acham roupas dos alunos eles vêm aqui me entregar. Ninguém quer ficar guardando algo mofado nas salas, ai entregam pra mofar aqui. Aqui é o lugar das coisas mofarem e ficarem fedidas.

— Nossa... Mas o senhor olhou direitinho? De repente ficou caído pelos cantos.

— Já pensou na possibilidade do casaco ter ficado em casa?

— Calma, estou conversando civilizadamente. Pensa que só porque é funcionário público pode tratar a gente mal e... Eu só quero encontrar o agasalho do meu filho! É pedir demais? Não é. Então, por favor colabore comigo.

A mãe do Creyto não parava de falar, e o pior, era do tipo de pessoa que fala cuspindo. Wagner volta seus olhos para a caixa de roupas. Ele percebe que uma lagartixa está escondida por entre os agasalhos.

— Achei!

— Achou? Não falei que estava aí em algum lugar?!

— Achei! Hahahahaha (risada demoníaca)

— Cadê? Deixa eu ver.

— Branco com detalhes cinza, né?

— Sim, assim mesmo... Cadê?

— ‘Tá bem aqui!

Como um ninja, Wagner pega a lagartixa e soca na boca mãe do Creyto. Ela sai correndo desesperada pra fora da escola. Cai de joelhos no gramado e alí vomita até as tripas. Quando olha pra cima, avista no galho da goiabeira o casaco perdido de seu filho.

FIM

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