quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Crônicas de Wagner Krieg: Movido pelo etanol, premiado pela sinceridade

Saudações, raríssimos visitantes!

O que fazer quando não se tem tempo para criar conteúdo para postar? Encher linguiça ou abandonar o blog? Eu poderia criar um série de posts com conteúdos pessoais. Mas a quem interessaria curiosidades de uma vida entre milhares que há no mundo? À ninguém. Então para não encerrar este mês sem ao menos uma mísera postagem, aqui vai mais uma crônica de inspirada em um passado não muito distante.


Crônicas de Wagner Krieg: Movido pelo etanol, premiado pela sinceridade

Era final de ano, enquanto Wagner atendia uma senhora no minúsculo balcão, um sujeito adentra os portões da escola Khan-il. Procurando se informar pergunta a quem vê pela frente:

— É aqui que ‘studa à noite, é? Vai dar material, vai?

Enquanto atendia a senhorinha no balcão, o secretário já ia observando a peça que ia atender. O sujeito estava segurando as paredes, piscando os olhos rapidamente, cara inchada, suando que nem uma cachoeira... A senhora foi embora e o próximo a ser atendido seria o rapaz, obviamente.

— Muito bem, e o senhor?

— Eu quero ‘studar à noite, tem vaga?

Quando o sujeito se aproximou, Wagner sentiu uma tontura. Queda de pressão? Não. Era pelo bafo de cachaça do rapaz. Pra completar, ele não enxergava bem, então colocava a cabeça bem próxima ao papel que Wagner preenchia.

— Sim, tem vaga. Mas como este ano praticamente já terminou, sua matrícula vai ficar garantida para o ano que vem.

— Tá, mas o material eu pego agora?

— Que material?

— Material de ‘studar. (hic)

— Se a prefeitura... Se a prefeitura distribuir para as escolas, entregaremos ao senhor no início do ano.

— Tá bom.

— Qual o endereço do senhor?

— É Rua... Gons(hic)...Gonsdasiva, númuro 10, Veneza...

— An? Não entendi. Faz o seguinte, depois o senhor me traz uma cópia do comprovante de residência.

— Pode’xá, eu trago hoj’o’amanhã...

— O senhor assina?

— Onde que eu assino? Assinar é (hic) comigo mesmo.

O rapaz portador de embriaguez temporária assinou o primeiro nome em linhas tortas, nas portas da percepção e ficou todo contente.

— É só isso? Eu num levo nada?

— Como assim?

— Um troquinho (hic)...pra ajudar a comprar um corote de pinga.

Sem hesitar, Wagner abriu a carteira, tirou dois reais e deu para o rapaz.

— Se me dissesse que era pra tomar café eu não daria. Mas como o senhor foi sincero, achei por bem ajudar. 

— Obrigado (hic). Deus lhe pague.

— Até mais. Só tome cuidado com o vento de noroeste.

FIM