domingo, 25 de junho de 2017

Crônicas de Wagner Krieg: Dança da Morte

Saudações, ilustríssimos visitantes! Quando digo ilustríssimos, me refiro aos que possivelmente estarão lendo estas palavras. Bem-aventurados os que clicam nos links que eu posto no Facebook, porque deles é o reino de Dreamquestland! Andei pensando em abandonar o INDQ. Por mais que eu capriche nos desenhos as visualizações são pífias. Mas pensei melhor e decidi manter o blog. Até porque em breve este será o único espaço na internet onde estarei presente.


Crônicas de Wagner Krieg: Dança da morte
 *Baseado na música "Dance of Death", do Iron Maiden.

O final de semana chegou e tudo que ele quer é desligar o piloto automático. Pela manhã passou na feira para comer um pastel de vento com sabor de camarão. A tarde decidiu que iria nadar no rio perto de sua casa.

— Não me importo de pegar alguma micose, eu quero é ser feliz!

E lá foi ele, com o olhar de uma criança. Levando consigo boas expectativas para o dia de hoje. Nem pensou em tirar a roupa para mergulhar nas águas turvas do Rio Preto.

— Ah isso é bom demais! Quando foi que o ser humano deixou de ser parte da natureza?

Wagner não sabia nadar direito, mas até que enganava bem. Demorou uns 40 minutos se debatendo na água. Até que resolveu ir para a margem quando avistou um caranguejo saindo de sua toca.

— Oia que coisa mais linda esse bicho cascudinho...haha!

O caranguejo dá um beliscão no dedo de Wagner e toda aquela ternura vai pelos ares.

— Filho d’uma égua! Vou te esmagar de uma forma que ninguém vai reconhecer o seu corpo!

Wagner persegue o caranguejo, atolando os pés na lama como se não houvesse amanhã. Até que num dado momento ele escorrega e bate a cabeça em um tronco de árvore.
Ele ficou desacordado por horas incertas e quando acordou viu que já era noite. Ficou admirado com o brilho da lua e as incontáveis estrelas no céu.
Um calafrio percorre sua espinha. Ele de alguma forma sentia que não estava sozinho. Antes fosse só a presença de animais, mas não... Podia ouvir o barulho vindo das moitas. Se ele tivesse a mente suja poderia julgar que há um casal procriando, mas não...

 — Se houver alguém por aí, me diga que horas são, por favor.

Algo correu por entre as árvores em meio à escuridão. Wagner se espantou e caiu de joelhos. Quando de repente surge uma figura mascarada empunhando uma tocha.
 
— Horas? A noite é uma criança. Venha comigo.
 
Estendeu a mão a Wagner que não recusou ajuda para se levantar. Seguiu o estranho em direção a uma clareira às margens do Rio Preto. Havia uma roda de pessoas que pareciam esquisitas aos olhos do jovem Krieg. Gente tocando tambores, gaita e violão, e não eram músicas da Legião Urbana.

— Junte-se a nossa dança.

— Não! Não! E não! Eu não quero dançar. Eu não levo jeito pra isso.

— Então tome essa bebida aqui. Vai te ajudar a se soltar. Eu mesmo preparei. Mwahahahaha!

— Beleza! Acho melhor eu ficar aqui mesmo só esvaziando o copo.

Após beber sabe-se lá o que, Wagner mudou de ideia. Entrou no círculo de fogo e ao centro ele foi conduzido por uma das dançarinas. O tempo parecia que havia parado. Embora envolvido pelo medo, ainda queria continuar na dança.
Ele dançou, cantou, pulou e até andou sobre o carvão. Era como se estivesse entrado em transe. Não sentia o calor do fogo. Mas sentia que seu espírito estava livre.
A música parou e era hora de grupo se juntar. Wagner percebeu que todas aquelas pessoas não apresentavam nenhuma expressão, seja de alegria ou tristeza. Não via sequer o brilho em seus olhos.
E como num estalo ele voltou a si:

— O que estou fazendo aqui com esse bando de zumbis? ‘Saspragas ‘tão tudo mortos!

— Venha, Wagner. Junte-se a nós, é hora de partirmos.

— Que façam uma boa viagem vocês, eu quero continuar vivo!

E mostrando do dedo médio como sinal de despedida. Lá foi Wagner correndo feito um doido pra fora da mata. A quebrar os galhos no peito, a pisar descalço nos estepes. Sem se atrever a olhar para trás. Se tudo aquilo foi um sonho ou uma alucinação, ele não tem certeza. Só sabe de uma coisa:

— Nunca mais! Nunca mais beberei nada da mão de estranhos.


FIM

Espero que tenham gostado. Até a próxima!