Primeiramente, Feliz Natal!
Eu meio que abandonei o blog, mas não foi por mal. Eu andei um tempo sem cabeça para fazer desenhos novos. Desde então tenho enchido linguiça com postagem de escritos. Nestas últimas semanas estive preparando uns desenhos decentes. Mas vocês só verão na próxima postagem, depois dessa.
A "maldição" continua, então tudo indica que teremos ainda várias histórias de Wagner Krieg. Inspiração é o que não falta. Lembrando que essas histórias são baseadas em fatos reais. A situação é real, o que acontece no final é aquilo que no fundo nós gostaríamos de fazer: Dizer dane-se sem importar com as consequências.
Agora leiam...
Crônicas
de Wagner Krieg: Achados e perdidos
Segunda-feira, horário
de saída da turma da manhã. Como um gato avançando silenciosamente em direção
ao rato, assim vem a mãe de um aluno em direção ao balcão da secretaria. Wagner
olha para o chão, olha para o teto, respira fundo e pensa: — Puta que pariu! Lá
vem....nem deu tempo de me esconder debaixo da mesa.
— Oi moço, tudo bem?
— Tudo
mais o’meno. Diga?
— É aqui que fica os
achados e perdidos?
— Sim, é
aqui.
— Sabe o que é? Meu
filho esqueceu o casaco e eu queria ver se não está aqui.
— Como é
esse casaco?
— É branco com detalhes
em cinza.
— Hum
‘pera um momento, já volto.
E Wagner foi até os
fundos da secretaria buscar a caixa de achados e perdidos. Ele trouxe ao balcão
para a mãe ver se achava a roupa do filho. Havia roupas que estavam na caixa
fazia meses e conforme ia revirando o fundo algumas baratinhas iam escapando.
— Não moço, a blusa do
Creyto não tá aqui.
“Agora ela vai embora e
me deixa em paz” — pensou Wagner.
— Mas moço, o senhor
tem certeza que não ficou por aqui?
— Tenho! Essa
é a única caixa de achados e perdidos que temos.
— Mas moço, será que
não ficou na sala e a professora guardou?
— Nein! Quando os funcionários acham
roupas dos alunos eles vêm aqui me entregar. Ninguém quer ficar guardando algo
mofado nas salas, ai entregam pra mofar aqui. Aqui é o lugar das coisas mofarem
e ficarem fedidas.
— Nossa... Mas o senhor
olhou direitinho? De repente ficou caído pelos cantos.
— Já
pensou na possibilidade do casaco ter ficado em casa?
— Calma, estou
conversando civilizadamente. Pensa que só porque é funcionário público pode
tratar a gente mal e... Eu só quero encontrar o agasalho do meu filho! É pedir
demais? Não é. Então, por favor colabore comigo.
A mãe do Creyto não
parava de falar, e o pior, era do tipo de pessoa que fala cuspindo. Wagner
volta seus olhos para a caixa de roupas. Ele percebe que uma lagartixa está
escondida por entre os agasalhos.
— Achei!
— Achou? Não falei que
estava aí em algum lugar?!
— Achei!
Hahahahaha (risada demoníaca)
— Cadê? Deixa eu ver.
— Branco
com detalhes cinza, né?
— Sim, assim mesmo...
Cadê?
— ‘Tá bem
aqui!
Como um ninja, Wagner pega a lagartixa e soca na boca mãe do Creyto. Ela sai correndo desesperada pra fora da escola. Cai de joelhos no gramado e alí vomita até as tripas. Quando olha pra cima, avista no galho da goiabeira o casaco perdido de seu filho.
FIM
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